21 junho, 2007

O Mundo do Ontem... e do amanhã!...



O Mundo do Ontem … e do amanhã !...

Antigamente, era tudo mais fácil. O saber era linear e uniforme. Vinha tradicionalmente de pais para filhos, de professores para os alunos, de cima para baixo. O poder era único e bem localizado, quem mandava era o mais velho ou teoricamente mais culto. Grandes narrativas davam rumo a coisas: a religião católica, a família nuclear, o casamento indissolúvel, a luta contra o autoritarismo salazarista. No campo dos valores, predominavam a certeza e a ordem, quem fosse «diferente» era facilmente marginalizado, porque era tudo uno e rectilíneo. Na escola havia disciplina, mas era branda e folgazona, género vamos lá gozar um pouco com o desastrado professor de Português (que por sinal, já tinha sido padre e era o Director), que obrigava muitos a decorarem a estrofe do 1º canto de «Os Lusíadas» corresponde ao nosso número de ordem… Nos liceus predominavam os meninos de família ou estudantes da classe média, todos brancos de pele e vestidos de modo aprumado. Determinados assuntos eram considerados tabus, só se falavam às escondidas. A escola garantia emprego e mobilidade social, porque quem andasse no liceu e tivesse dinheiro ia para a Faculdade, quem frequentasse o ensino arranjava emprego. Na família, os filhos não contestavam em regra os pais, detentores da verdade e da experiência da vida; quando havia problemas que a mãe não conseguia resolver sozinha, o pai entrava em acção, às vezes com aqueles castigos que rapidamente matinha a ordem.
Hoje, está tudo diferente. Os jovens são influenciados por espaços narrativos fluidos, caiu o muro de Berlim e proliferam as seitas religiosas, o 25 de Abril aconteceu ainda eles não eram sonhados. Na escola, onde antes existiam pastas de cabedal com cadernos arrumados, existem hoje mochilas coloridas com tudo a monte ou, mais tarde, restos de canetas roídas e folhas de papel arrancadas ao caderno do vizinho. Não há poderes absolutos. Por que razão está certa a ordem do professor e do pai, só por serem mais velhos? Também os valores não são os tradicionais (a ordem rígida não será certamente), constroem-se no relacionamento partilhado com o grupo de amigos e com os adultos do universo relacional. A cultura não é indivisível. Quim Barreiros é aplaudido com os Madredeus ou a Maria João Pires, usam-se palavras eruditas ao lado de obscenidades, como convém a alguns semanários. As novas tecnologias mediatizadas determinam novos saberes e capacidades, com os acontecimentos a aparecerem das mais diversas formas e em contextos cada vez mais diversos.
Que geração teremos no amanhã?
Os valores que durante tantos anos perduraram de geração em geração, onde foram parar?
Tudo é questionável pelos nossos jovens! Acreditando que nem 8 nem 80, há necessidade de se fazer o ponto de situação. De criar padrões de vida coerentes e aceitáveis, isto não invalida o respeito mútuo que deveria continuar a existir entre os jovens e por aqueles com quem partilham a sua vida pessoal e social.
Presentemente, só se fala de reestruturação em tudo o que é sítio, e esquece-se da formação pessoal e social dos nossos jovens, homens do amanhã… há que incutir nos nossos jovens de hoje valores, regras que lhes permitam construir uma base sólida e consequentemente consigam ter um crescimento harmonioso num ambiente saudável.

Lina Aires




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