26 fevereiro, 2009

A Quaresma -"Quarta-feira de Cinzas"

A cada ano, com a chamada «Quarta-Feira de Cinzas», os católicos iniciam o tempo da Quaresma, tempo no qual a liturgia da Igreja Católica nos convida a uma reflexão e actuação sobre as nossas vidas, sobre o seu sentido, a sua origem, a sua missão, o seu destino último.
Trata-se, portanto, de um tempo «forte» para a metanoia ou «conversão» que – em teologia e vida cristã – significa uma adequação de nosso ser, existir e actuar à própria vida de Jesus Cristo, ao seu evangelho, aos seus valores, às suas convicções, à sua proposta de vida: gastar a vida ao serviço do evangelho, ou seja, a favor dos outros, especialmente dos mais necessitados, para obter a vida eterna, a vida feliz, a vida plena.
Por isso, a Quaresma é um caminho bíblico, pastoral, litúrgico e existencial, para cada crente, pessoalmente, e para a comunidade cristã em geral, que começa com as cinzas e conclui com a noite da luz, a noite do fogo e da luz: a noite santa da Páscoa de Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A Quaresma simboliza, assinala e recorda um «passo», uma Páscoa, um itinerário a seguir de maneira permanente: a passagem do nada à existência, das trevas à luz, da morte à vida, do insignificante à vida abundante em Deus, por meio de seu Filho Jesus Cristo. E é que converter-nos significa destruir, deixar para trás, queimar, tornar cinzas o «homem velho», o homem-sem-Cristo, para revestir-nos do homem «novo», o homem-no-espírito, que é fogo novo no mundo.
Na quarta-feira de Cinzas, enquanto o sacerdote impõe as cinzas ao penitente, diz estas duas expressões alternadamente: «Convertei-vos e acreditai no Evangelho» e/ou «Lembra-te homem, que és pó da terra e à terra hás-de voltar». Sinal e palavras que expressam a nossa condição de criaturas, a nossa absoluta dependência de Deus, o nosso peregrinar rumo a uma pátria definitiva, a nossa caducidade…
A Quarta-Feira de Cinzas em particular e a Quaresma em geral, são um tempo litúrgico e um convite a voltar nosso olhar e vida para Deus e aos princípios do Evangelho. Assim, se a Quaresma é tempo para a conversão, para melhorar no processo de humanização pessoal e comunitário, então a Quaresma coincide com a própria vida de todo crente, com o ser e missão de toda a Igreja e com a vocação da comunidade humana inteira.
A Quaresma é um convite a mudar aquilo que temos de mudar, na busca de ser melhores e mais felizes, um convite a construir em vez de destruir e a olhar e voltar para formas de vida mais justas, mais solidárias, mais humanas. A Quaresma é um convite a buscar diligentemente novas formas de ser e fazer Igreja, sendo melhores e mais autênticos discípulos do Crucificado Ressuscitado.
O tempo litúrgico da Quaresma – como a nossa própria existência – é percorrido com o olhar dirigido para a Páscoa da Ressurreição e para a Páscoa definitiva em Deus. Páscoa de vida abundante que se opõe a toda forma de discriminação e de envelhecimento do ser humano, da sua dignidade, a toda forma de atropelo e violência, a toda forma de mentira, maldade e morte, a toda forma de corrupção e divisão, a toda forma de marginalização e opressão. Porque a Páscoa, como ponto de chegada, cume e superação da Quaresma, é absoluta novidade de vida, da vida abundante que Deus nos oferece e à qual Deus nos convida neste tempo e em todo momento.
Pe. Sérgio Dinis

23 fevereiro, 2009

A QUARESMA

A Quaresma começa na Quarta-feira de cinzas e termina no Domingo de Ramos, dia em que se inicia a Semana Santa.
Durante este tempo fazemos um esforço para recuperar o ritmo e o jeito de viver de autênticos cristãos. É assim que preparamos a Celebração do mistério pascal.

MUDANÇA DE VIDA
A Igreja exorta-nos a escutar a Palavra de Deus, que nos convida a seguir Jesus Cristo, o homem perfeito. Contemplando o jeito de viver de Jesus, vamos percebendo que é no seu seguimento que está a felicidade que buscamos. Este é um tempo propício para conhecermos, amarmos e seguirmos com mais fidelidade a Jesus Cristo.
A Igreja convida-nos também a um amor fraterno com mais qualidade. Este é o tempo de nos libertarmos de ódios e rancores, de egoísmos e maldades, para experimentarmos a alegria de amar e de perdoar, de servir e de fazer o bem. Temos mais uma vez como modelo Jesus Cristo, que por nós deu a vida, antes de alcançar a glória da Ressurreição.

QUARENTA DIAS
A duração da Quaresma está baseada no simbolismo do número 40 na Bíblia. Nesta, fala-se dos 40 anos do caminho do povo de Deus no deserto, dos 40 dias de Moisés e Elias na montanha, dos 40 dias que passou Jesus no deserto.
Este número significa o tempo da nossa vida sobre a terra com provações e sofrimentos. É um tempo em que carregamos a nossa cruz com alegria, na esperança de alcançarmos a glória da ressurreição.

13 fevereiro, 2009

REFLEXÃO DE D. JOAQUIM GONÇALVES SOBRE O ANO PAULINO

«Preparação de futuros quadros»
1 - Na transmissão e herança dos valores e responsabilidades familiares e escolares, há filhos e alunos que vivem do nome e do prestígio dos seus pais e mestres, e, ao contrário, há pais e professores que saem do anonimato pelo nome dos filhos e alunos. Por isso, nuns casos apresentamos alguém dizendo que «é filho ou aluno de determinada pessoa», e, noutros casos, que «aquele homem ou mulher são os pais ou os professores de alguém». Num caso, a luz do passado ilumina o futuro, a água jorra da montanha para o vale; no outro caso, é onda do mar que reflui sobre a nascente.
É isso que acontece com Timóteo e Tito: chamamos-lhes discípulos de Paulo, seus cooperadores e continuadores, Paulo é a referência. A própria Igreja colocou a sua festa no dia a seguir ao 25, dia da conversão de Paulo, como dois ribeiros que prolongam a nascente.
Seguindo este critério, vamos nesta semana falar das «cartas pastorais», que S. Paulo lhes dirigiu.
2 - Timóteo é o nome grego (temente, adorador de Deus) de um homem jovem filho e neto de mulheres judias (a mãe Eunice e a avó Lóide) e de pai grego, não judeu, residentes em Listra (actual Turquia). Quando Paulo por ali passou nas primeiras viagens apostólicas, ao ouvir o testemunho da comunidade acerca dele, levou-o consigo. Para evitar futuros conflitos com os judeus, e embora só a mãe fosse judia, Paulo aconselhou--o a circuncidar-se. Timóteo será o discípulo predilecto de Paulo e acompanhou-o na segunda e terceira viagem. Foi mais tarde enviado em missão especial a Tessalónica, Macedónia e Corinto, e com Paulo é o remetente de seis cartas paulinas. Como era muito novo e algo tímido, Paulo acompanhou-o de perto e, depois da ordenação, aconselhou-o a aprofundar o mistério da sua ordenação, a cultivar a «fortaleza» de espírito, e deu-lhe até orientações sobre a alimentação, recomendando o uso de um pouco de vinho. Acompanhou Paulo no primeiro cativeiro, e, após a libertação, ele mandou-o ficar em Éfeso, a capital da região, a dirigir a comunidade local. Dirigiu-lhe duas cartas, uma delas da Macedónia e outra de Roma, durante o seu último cativeiro, já próximo do martírio. Seria a última carta do Apóstolo. A tradição venera Timóteo como bispo de Éfeso.
Tito é o nome latino de outro discípulo e companheiro de Paulo. Era gentio de nascimento e nunca foi circuncidado, acompanhando Paulo ao concílio de Jerusalém. Mais velho que Timóteo, seria incumbido de uma missão delicada a Corinto, bem sucedida. Compartilhou o segundo cativeiro de Paulo (2 Tim4,20) e, depois de liberto, foi enviado em missão à Dalmácia e fixou--se em Creta como bispo dessa ilha cuja população, de origem fenícia, tinha fama de mau carácter. Ainda hoje chamar «cretino» a alguém é humilhante, e prefere-se dizer «cretense». Paulo enviou-lhe uma carta.
3 - As três «cartas pastorais» não são cartas de índole pessoal mas de natureza pastoral, e por isso a linguagem é semelhante nas três, uma linguagem objectiva e impessoal, ainda que com algumas referências pessoais.
São todas da última fase da vida de Paulo, depois do ano 60. A 1ª carta a Timóteo e a carta a Tito devem ter sido enviadas da Macedónia; a 2ª carta a Timóteo foi a última carta de Paulo, enviada da prisão de Roma já próximo do ano 67, o ano da morte de Paulo. Ao saber que Timóteo andava abatido e desanimado por ver que o Evangelho só trazia sofrimentos, Paulo chamou-o a Roma para o animar e a carta 2Tim contém uma catequese sobre o mistério do sofrimento de Cristo na fé cristã.
O conteúdo geral das três cartas é o mesmo: a vigilância dos Pastores contra as heresias e as doutrinas de falsos doutores da época, e o zelo na organização interna da hierarquia. A exposição é serena e clara. Aparecem aí os termos técnicos de «diáconos», «prebiteros» ou «anciãos», «bispos», «vigilantes», «supervisores». Tais palavras, retiradas da cultura grega, ainda não têm um sentido rigoroso, e dariam origem aos termos actuais de «diácono», «presbítero» e «bispo», os três graus do sacramento da Ordem, com um sentido rigoroso, o que não acontecia no tempo de Paulo em que o sentido era oscilante: «Presbítero» aplicava-se tanto ao «padre» como ao «bispo» de hoje; e «diácono» tinha frequentemente o sentido comum de ajudante, servidor, e, por isso, aplicava-se tanto a homens como a mulheres, as «diaconisas» e «servidoras», incluindo nessa designação as esposas dos diáconos, as que auxiliavam no baptismo de imersão das mulheres e nas reuniões domésticas. Por isso, da linguagem das cartas pastorais nada se pode concluir sobre a «ordenação» de mulheres na Igreja.
4 - Vale a pena ler devagar as três cartas e pela ordem referida. Repare-se na linguagem firme, entrecortada de palavras de grande afectividade: trata os dois como «filhos», pede-lhes especial zelo na doutrina e que não se precipitem em conferir ordens sacras a qualquer homem. A Timóteo recomenda que estude, que reze, e, se tiver de repreender os idosos, o faça com moderação e respeito, que seja reservado no trato com mulheres e firme na disciplina das celebrações. A 2ª carta a Timóteo é a carta do pastor no Outono da vida, repassada de uma ternura adulta, com algumas desilusões mas grato para com os que lutaram com ele pelo nome de Jesus. Refere pelo nome próprio homens e mulheres e fala de objectos pessoais: os «pergaminhos» (a sua «biblioteca pessoal» que contribuiria para a formação do Novo Testamento), o manto ou capote de agasalho nas noites frias da Turquia, nas viagens pelo mar e aconchego no frio das prisões!
Dada esta informação cultural, somos convidados, na fidelidade ao espírito do Ano Paulino, a fazer reflexão pessoal. Como pais, professores, educadores, párocos e padres em geral, responsáveis pelos quadros futuros da Igreja e da sociedade, interroguemo-nos sobre o empenho em preparar os quadros do futuro. Se há o cuidado de observar as pessoas, de escolher e convido pessoalmente, como fez Paulo; se se conhecem os feitios e capacidades pessoais, o que requer proximidade; se se acompanham na sua preparação, na acção e formação permanente.
Além disso, como membro da comunidade cristã, o cristão é chamado a depor sobre os candidatos no processo de ordens: dá-se o testemunho com lealdade ou fica-se no «socialmente correcto»?
Dos objectos de uso pessoal, que vão encontrar os herdeiros (filhos, alunos, seminaristas) no espólio pessoal: - Um crucifixo no escritório, uma Bíblia na mesinha de cabeceira, um terço no fogão de sala ou sobre a lareira, um Catecismo da Igreja Católica, diplomas da comunhão e crisma dos filhos, alguns livros de oração e de informação cristã, contas e livros em ordem? Ou somente livros de cheques, computadores, jóias e fatos, romances mundanos, televisores, os carros na garagem e os primitivos manuais escolares?
Reler as três «cartas pastorais» como quem lê as memórias de um grande líder.
D. Joaquim Gonçalves,
Bispo de Vila Real

INTENÇÃO DE BENTO XVI PARA O MÊS DE FEVEREIRO



Pastores da Igreja ao serviço do Povo de Deus
Que os Pastores da Igreja sejam sempre dóceis à acção do Espírito Santo no seu ensinamento e serviço ao Povo de Deus
1. Os «Pastores da Igreja...»
Nenhuma comunidade cristã pode subsistir na ausência de quem a oriente nos caminhos da fé e da fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo. Na Igreja Católica, este serviço é confiado aos bispos, cujo ministério é o mesmo dado por Jesus aos seus apóstolos, o grupo dos Doze. Os Bispos são, por isso, legitimamente chamados sucessores dos apóstolos – e mais ninguém pode, na comunidade católica, reivindicar este título para si. Os Bispos presidem à Igreja – ou melhor, às Igrejas – constituídos, tal como os Doze, em «colégio», em grupo unido não por simples laços humanos, mas pelo próprio Deus. E tal como os Doze, também o colégio dos Bispos é presidido por aquele que Jesus escolheu como fundamento visível da sua Igreja: o Papa, sucessor de Pedro. Separado de Pedro, ou seja, do Papa, nenhum Bispo pode continuar a servir a Igreja e a presidir à comunidade dos fiéis – pelo menos, como Bispo católico.
Logo desde os primeiros tempos, os Bispos – à semelhança dos Apóstolos – foram auxiliados, no seu ministério, por homens escolhidos de entre os fiéis da comunidade. Surgiram assim os presbíteros e os diáconos, os quais, recebendo como o Bispo, embora em graus diferentes, o sacramento da Ordem, constituem os seus mais directos e qualificados colaboradores na missão de guiar o Povo de Deus até à verdade total, que é Cristo.
2. «...dóceis à acção do Espírito Santo»
Humanos como todos os outros humanos, os Pastores da Igreja não estão isentos do pecado, das deficiências de carácter, de tudo quanto é inclinação humana para o mal; e, do mesmo modo, cada um possui virtudes e qualidades que o ajudam no desempenho da sua missão. O mais importante, porém, é a docilidade ao Espírito Santo que os consagrou com a graça própria do sacramento da Ordem. Porque não foram constituídos donos da vinha do Senhor, mas seus administradores, devem confiar sobretudo n’Aquele que os chamou ao ministério, para levarem a bom termo a tarefa de governar e santificar o Povo de Deus.
«Graças ao Baptismo, o Bispo participa, com todo o cristão, da espiritualidade que se funda na incorporação a Cristo e se manifesta no seu seguimento, segundo o Evangelho» (João Paulo II, Pastores Gregis). Esta afirmação do Papa aplica-se a qualquer ministro da Igreja e mostra quanto é necessário todos se sentirem, antes de mais, discípulos do mesmo Mestre e Senhor, Jesus Cristo. Deste modo, o seu ministério será exercido e reconhecido como dom de Deus para o serviço dos irmãos e não como objecto de disputa e ânsia de poder.
3. «...ensinamento e serviço ao Povo de Deus»
Onde melhor se manifesta a docilidade dos ministros da Igreja ao Espírito Santo é no modo como exercem a missão de ensinar e servir o Povo de Deus. No exercício deste ministério, os pastores da Igreja estão chamados a ser «simples como as pombas e prudentes como as serpentes» (Mateus, 10, 16). Quando assim não acontece, o dano que podem causar ao Povo de Deus é muito maior do que quaisquer ataques vindos de fora, por parte dos inimigos da Igreja.
Infelizmente, estes inimigos da Igreja encontram abundante colaboração no interior da mesma: sacerdotes que falam publicamente ou escrevem contra a doutrina ensinada pelo Magistério eclesial; bispos em público desacordo com os seus irmãos no episcopado (ou até com o Santo Padre); pastores fazendo coro com grupos que, da Igreja, só querem o efeito mediático da presença de um bispo ou padre nas suas manifestações; «originalidades» na celebração dos mistérios cristãos, sem nenhuma consideração pelo facto de os sacramentos não serem pertença de quem preside nem da comunidade, pois são sacramentos da Igreja; carreirismo eclesiástico nada condizente com o serviço ministerial...
O serviço dos ministros da Igreja ao Povo de Deus não lhes foi confiado para ser desbaratado dizendo ao mundo aquilo que este deseja ouvir. É muito mais proveitoso para o Povo de Deus quando os seus Pastores se empenham em ensinar os fiéis na fidelidade ao Magistério da Igreja; em formar comunidades cristãs cada vez mais vivas, porque mais exigentes no seu compromisso com o Evangelho; em dinamizar comunidades de fé operosa pela caridade, cuja opção preferencial pelos pobres se percebe nas mais pequenas coisas; em estar ao lado dos mais desprotegidos e sem voz; em denunciar, sem hesitações, os caminhos errados que alguns desejam impor à sociedade... E são muitos, felizmente, os Pastores assim!
Este serviço não encontra, certamente, tantos microfones disponíveis nem câmaras de televisão avaras de uma imagem. Mas resulta em maior bem para a Igreja e para a sociedade. E quando, por anunciar o Evangelho, não aderindo ao progressismo reinante, os microfones e as câmaras de televisão encontrem motivos para se escandalizar com algum Pastor da Igreja, essa será a confirmação mais evidente da sua fidelidade ao Espírito Santo, ensinando e servindo o Povo de Deus.

Bento XVI

11 fevereiro, 2009

MENSAGEM DE BENTO XVI DO DOENTE PARA O DIA MUNDIAL DO DOENTE




"Queridos irmãos e irmãs"
No Dia Mundial do Enfermo, que celebramos em 11 de Fevereiro, memória litúrgica da Bem-aventurada Maria, Virgem de Lurdes, as Comunidades diocesanas reúnem-se com os seus bispos em momentos de oração, para reflectir e programar iniciativas de sensibilização sobre as realidades do sofrimento. O Ano Paulino, que estamos celebrando, oferece a ocasião propícia para determo-nos e meditarmos com o Apóstolo Paulo sobre o facto que, “assim como os sofrimentos de Cristo são copiosos para nós, assim também por Cristo é copiosa a nossa consolação” (2 Cor 1,5).A relação espiritual com Lurdes evoca também a materna solicitude da Mãe de Jesus pelos irmãos de seu Filho “que, entre perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada” (Lumen Gentium, 62).Este ano, a nossa atenção se dirige particularmente às crianças, criaturas mais frágeis e indefesas; e entre elas, às crianças enfermas e sofredoras. Pequenos seres humanos levam em seus corpos consequências de enfermidades que causam invalidez; outros lutam contra males hoje ainda incuráveis, não obstante o progresso da medicina e a assistência de válidos cientistas e profissionais do campo da saúde. Existem crianças feridas no corpo e na alma em conflitos e guerras, e outras ainda, vítimas inocentes do ódio de insensatas pessoas adultas. Existem meninos e meninas “de rua”, carentes do calor de uma família e abandonados a si mesmos; e menores profanados por pessoas sem escrúpulos, que violam a sua inocência, provocando sequelas psicológicas que as marcarão pelo resto da vida.Não podemos ignorar o incalculável número de menores que morrem por causas como sede, fome, carência de assistência sanitária, assim como os pequenos refugiados, fugiram das suas terras com os pais em busca de melhores condições de vida. De todas estas crianças, eleva-se um silencioso grito de dor que interpela nossas consciências de homens e cristãos.A comunidade cristã, que não pode ficar indiferente diante de situações tão dramáticas, sente o dever premente de intervir. Com efeito, como escrevi na Encíclica «Deus Caritas Est», “A Igreja é a família de Deus no mundo. Nesta família, não deve haver ninguém que sofra por falta do necessário” (25, b). Auspicio, portanto, que o Dia Mundial do Enfermo ofereça também a oportunidade às comunidades paroquiais e diocesanas de assumirem sempre mais a consciência de ser “família de Deus”, e as encoraje a tornar visível em aldeias, bairros e cidades, o amor do Senhor, que pede que “na própria Igreja enquanto família, nenhum membro sofra porque passa necessidade.” (ibid.). O testemunho da caridade faz parte da própria vida de toda comunidade cristã. Desde os seus inícios, a Igreja traduziu os princípios evangélicos em gestos concretos, como lemos nos Actos dos Apóstolos. Hoje, apesar das novas condições de assistência sanitária, sente-se a necessidade de uma colaboração mais estreita entre os profissionais da saúde que actuam em diversas instituições médicas e as comunidades eclesiais presentes no território. Nesta perspectiva, confirma-se todo o seu valor do Hospital Pediátrico Menino Jesus, instituição ligada à Santa Sé que celebra este ano 140 anos de vida.Vamos além. Visto que toda criança enferma pertence a uma família que compartilha seu sofrimento, frequentemente com graves dificuldades, as comunidades cristãs não podem deixar de ajudar os núcleos familiares atingidos pela doença de um filho ou filha. Seguindo o exemplo do “Bom Samaritano”, é preciso inclinar-se às pessoas tão duramente provadas e oferecer-lhes o amparo de uma solidariedade concreta. Desta forma, a aceitação e a partilha do sofrimento se traduzem em útil apoio às famílias das crianças doentes, gerando nestas um clima de serenidade e esperança, e fazendo sentir a seu redor uma ampla família de irmãos e irmãs em Cristo. A compaixão de Jesus pelo pranto da viúva de Nain (cfr Lc 7,12-17) e pela implorante oração de Jairo (cfr Lc 8,41-56) são, entre outras coisas, pontos de referência para aprender a compartilhar os momentos de aflição física e moral de tantas famílias. Tudo isso pressupõe um amor desinteressado e generoso, reflexo e sinal do amor misericordioso de Deus, que nunca abandona seus filhos na provação, mas lhes oferece sempre admiráveis recursos de coração e inteligência para serem capazes de enfrentar adequadamente as dificuldades da vida.A dedicação quotidiana e o empenho contínuo ao serviço das crianças enfermas constituem um testemunho eloquente de amor à vida humana, de modo especial, à vida de quem é vulnerável e totalmente dependente dos outros. É preciso afirmar, com vigor, a absoluta e suprema dignidade de toda vida humana. Com o passar dos tempos, o ensinamento que a Igreja incessantemente proclama não muda: a vida humana é bela e deve ser vivida em plenitude, mesmo quando é frágil e envolvida no mistério do sofrimento. É a Jesus, crucificado, que devemos dirigir o nosso olhar: morrendo na Cruz, Ele quis compartilhar a dor de toda a humanidade. Em seu ‘sofrer por amor’, percebemos uma suprema co-participação aos sofrimentos dos pequenos doentes e de seus pais. Meu venerado predecessor, João Paulo II, que ofereceu um exemplo luminoso da aceitação paciente do sofrimento, especialmente no final de sua vida, escreveu: “Na Cruz está o «Redentor do homem», o Homem das dores, que assumiu sobre si os sofrimentos físicos e morais dos homens de todos os tempos, para que estes possam encontrar no amor o sentido salvífico dos próprios sofrimentos e respostas válidas para todas as suas interrogações " (Salvifici doloris, 31).Desejo agora expressar o meu apreço e encorajamento às Organizações internacionais e nacionais que assistem as crianças doentes, especialmente nos países pobres, e que com generosidade e abnegação, oferecem a sua contribuição para assegurar-lhes cuidados adequados e amorosos. Ao mesmo tempo, dirijo um apelo aos responsáveis das Nações para que sejam reforçadas as leis e medidas em favor de crianças doentes e de suas famílias. A Igreja, por sua vez, como sempre, e ainda mais quando a vida de crianças está em jogo, se faz disponível para oferecer a sua cordial colaboração, na intenção de transformar toda a civilização humana em «civilização do amor» (cfr Salvifici doloris, 30).Concluindo, gostaria de expressar a minha proximidade espiritual a todos vocês, queridos irmãos e irmãs que sofrem por alguma enfermidade. Dirijo uma saudação carinhosa às pessoas que os assistem: Bispos, sacerdotes, pessoas consagradas, agentes de saúde, voluntários e todos os que se dedicam com amor a curar e aliviar o sofrimento de quem é atingido pela doença. Uma saudação toda especial a vocês, queridas crianças enfermas e que sofrem: o Papa as abraça com carinho paterno, assim como a seus pais e familiares, e lhes assegura uma recordação na oração, convidando-os a confiar na materna ajuda da Imaculada Virgem Maria, que contemplamos mais uma vez no último Natal enquanto abraçava com alegria o Filho de Deus feito menino. Ao invocar para vocês e para todos os enfermos a materna protecção da Virgem Santa, Saúde dos Enfermos, concedo a todos, de coração, uma especial Bênção Apostólica".Vaticano, 2 de Fevereiro de 2009

10 fevereiro, 2009

ANO PAULINO



O Papa Bento XVI presidiu no dia 28 de Junho, à abertura solene do Ano Paulino, acendendo simbolicamente a Chama Paulina, que arderá todo o ano, e abrindo da Porta Paulina, na Basílica de São Paulo Fora de Muros. Na homilia da cerimónia, que iniciou a comemoração do bimilenário do nascimento de São Paulo, o Papa referiu que ''Paulo não é para nós uma figura do passado, que recordamos com veneração. Ele é também o nosso mestre, apóstolo e anunciador de Jesus Cristo''. Acrescentou que devemos aproveitar esta oportunidade ''para ouvi-lo e para aprender agora com ele, como nosso mestre, a fé e a verdade, na qual se enraízam as razões da unidade entre discípulos de Cristo''. São Paulo, nasceu em Tarso, era judeu e cidadão romano. Perseguiu os cristãos e foi durante uma dessas perseguições, em Damasco, que encontrou Cristo Ressuscitado, O qual o transformou. Desde esse momento a sua vida passou a ser viajar pelo mundo, pregando o evangelho de Cristo e mistério da sua paixão, morte e ressurreição. A sua conversão mostra o poder da graça divina, capaz de converter um perseguidor das primeiras comunidades cristãs, num dos seus principais evangelizadores. Ele próprio, pelo seu passado se considera ''o menor entre os apóstolos'' ou ''indigno de ser chamado apóstolo'', mas foi a sua forma fundamentada de expressar a sua fé em Cristo que o distinguiu. Percorreu a Ásia Menor, atravessou o Mediterrâneo várias vezes e elaborou, entre muitos outros pensamentos, as 14 Epístolas, enquadradas no Novo Testamento. Chega a Roma em 61 d.C., para ali mais tarde ser julgado e decapitado entre 65 e 67 d.C. no período de Nero. O seu corpo seria depositado a pouco mais de três quilómetros, numa necrópole romana, túmulo que se tornou um objecto de veneração e onde se dirigem em oração os fiéis e os peregrinos que eram perseguidos, dele conseguindo retirar forças para prosseguir a evangelização empreendida pelo missionário. Após o fim das perseguições e após a promulgação dos éditos de tolerância, no início do século IV, o local do túmulo foi escavado e sobre esse local nasceu uma basílica, consagrada a este apóstolo, agora enquadrada num complexo denominado São Paulo Fora de Muros. Numa altura em que se admite que a Igreja ''tem dificuldade em anunciar Jesus Cristo a uma sociedade cada vez mais secularizada'', cada vez mais marcada pelo materialismo e hedonismo, independentemente do nosso passado recente, devemos aproveitar esta oportunidade e seguir o exemplo deste apóstolo, orientando as nossas forças no sentido da evangelização daqueles que nos rodeiam, como forma de expressão do amor que sentimos por Aquele que está sempre a nosso lado e que não desiste de nós. A Igreja somos todos nós. Vamos desempenhar o nosso papel, ou vamos apenas ser meros espectadores de algo que nos envolve?!

DECÁLOGO SOBRE A CATEQUESE



1. A comunidade cristã é o sujeito, o ambiente e a meta da Catequese. Família, Catequese e Paróquia, assumem, em comunhão, a responsabilidade por criar o ambiente, onde a fé de cada um possa crescer com o testemunho dos outros, esclarecer-se com a ajuda dos demais, celebrar-se em comum e manifestar-se a todos. Ninguém cresce sozinho e pelas suas mãos, como ninguém cresce na fé, sem a fé dos outros e sem a graça de Deus. É no testemunho vivido da fé, que a Catequese encontra a sua base de apoio!
2. A vida “em grupo” e entre os grupos de catequese, no seio da comunidade, é já uma experiência do ser e do viver em “Igreja”. O ambiente de participação activa e de responsabilidade comum, por parte de todos, quer nas celebrações, quer no compromisso efectivo, nas várias obras, iniciativas e actividades da Paróquia, facilitarão a consciência de sermos “discípulos” de Jesus, numa “Igreja”, chamada a ser comunidade e família de irmãos!
3. Entre os vários modos e momentos de evangelização, a Catequese ocupa um lugar de destaque. Ela preocupa-se por anunciar a Boa Nova, àqueles que, de algum modo, já foram, ao menos, alguma vez, sensibilizados, seduzidos, ou tocados pela beleza da pessoa de Cristo. Espera-se que, de um modo organizado, esse primeiro anúncio, seja, a seu tempo e com largo tempo, esclarecido de boa mente, acolhido no coração, e que dê frutos de vida nova. E que essa vida nova seja expressa, partilhada e fortalecida, no encontro fiel da comunidade com Cristo Ressuscitado, na celebração dos sacramentos, particularmente da Eucaristia e da Reconciliação.
4. Na verdade, a vida cristã é um facto comunitário! E se alguém, por hipotética ocupação, não pudesse dispensar mais que uma hora, por semana, para “estar com o Senhor”, deveria reservar esse tempo, para a participação na Eucaristia Dominical, que é verdadeiramente o ponto de chegada, o ponto de encontro e o ponto de partida da vida e da missão da Igreja. A “catequese” não é “um à parte”, uma “hora” para a educação religiosa ou cívica, como se fizesse algum sentido preocupar-se por não faltar a um encontro de catequese e faltar, sem qualquer justificação, à celebração da Eucaristia e aos compromissos com a vida da comunidade.
5. A Catequese não é uma “aula” de religião ou de moral, nem se dirige somente à capacidade de aprender e de saber bonitas coisas acerca de Deus, acerca dos sete sacramentos, dos dez mandamentos, da Igreja, da vida eterna. A Catequese propõe uma Pessoa e não uma teoria: “Jesus Cristo é o Evangelho, a Boa Nova de Deus”. Nesse sentido, a catequese é evangelizadora, se levar os catequizandos à descoberta, à amizade e ao seguimento de Jesus. Sem essa adesão vital de coração, à Pessoa de Jesus Cristo, qualquer “Moral” se tornará um peso, em vez de se oferecer como um caminho de libertação.
6. Frequentar a Catequese, é bem mais do que “ir à doutrina”. A Catequese é uma “educação da fé” e da “fé” em todas as suas dimensões. O mero conhecimento da “doutrina” sem a celebração e sem a sua aplicação à vida, faria da fé uma bela teoria. A celebração, sem o conhecimento dos seus fundamentos, e desligada da prática da vida, tornar-se-ia, por sua vez, incompreensível e incoerente e até mesmo “alienante”. Todavia, uma fé, proposta e transmitida, que não se aprofunde na experiência da oração, jamais conduzirá a uma relação pessoal com Deus. Ora a fé, pela sua própria natureza, implica ser conhecida, celebrada, vivida e feita oração. Só assim se “segue” verdadeiramente Cristo, com toda a alma e de corpo inteiro!
7. A fé, no contexto em que vivemos, é talvez, mais uma «proposta» de sentido para a vida, do que um mero acto cultural de “transmissão”. ninguém propõe O que desconhece, nem dá O que não tem. Mas quem tem fé, e a vive, não pode deixar de a “apegar” aos outros e de a propagar a todos. Na educação da fé, tem papel decisivo o “testemunho” e o “entusiasmo” de todos aqueles que, na comunidade, se tornam portadores e servidores da alegria do Evangelho. Uma fé que não se apega, apaga-se!
8. Mais do que se preocuparem, porque não sabem o que responder aos filhos… os pais deveriam procurar “descobrir com os filhos” a Boa nova que eles receberam na Catequese, “rezar com eles”, participar com eles na celebração da Eucaristia. Então as respostas, serão encontradas na vida comum da fé, partilhada em família e em comunidade. Nada disto impede os próprios pais, de procurar integrar um grupo de Catequese, paralela à dos filhos, que os ajude a aprofundar as razões da sua fé, em relação com a cultura e com as responsabilidade sociais, familiares e eclesiais, que assumem diariamente.
9. Pedir a Catequese para os filhos e pôr-se “de fora”, em tudo o que se refere à vivência e à celebração da fé, cria uma “divisão” interior, uma vida dupla, que impede, quem quer que seja, de descobrir e construir a sua própria identidade cristã. Frequentar a Catequese não significa “ter uma aula” por semana, para garantir um diploma, uma festa ou um sacramento no fim do ano. Pedir a Catequese implica comprometer-se a caminhar com toda a comunidade, no anúncio feliz do Deus vivo e na experiência maravilhosa do encontro com Ele.
10. Não faz parte das tarefas da Catequese ocupar os tempos livres, ensinar regras de boa educação ou esgotar o tempo a “decorar” as fórmulas das orações comuns dos cristãos. Mesmo esperando que todo o ambiente de Catequese seja educativo e que tais orações sejam assumidas e bem compreendidas, são tarefas da catequese iniciar as crianças e adolescentes no conhecimento da fé (que se resume no Credo), na celebração (dos sacramentos), na vivência (atitudes de vida) e na experiência pessoal da fé (oração). E isso é obra de todos nós, que somos, mais uma vez, “convocados pela fé”.

DEZ MANDAMENTOS PARA OS PAIS COM FILHOS NA CATEQUESE


Educar para a fé

1.Não somos uma ilha. Assim como precisamos da família e da sociedade, para fazer nascer e crescer o nosso filho, mesmo que a primeira responsabilidade seja sempre nossa, também precisamos da Igreja, para que o nosso filho, renascido pelo Baptismo, cresça connosco na fé.
2.Não nos bastamos a nós próprios na educação da fé, mesmo que sejamos os primeiros catequistas dos nossos filhos. Os catequistas da nossa paróquia estão à nossa disposição, não para ser nossos substitutos, mas para se tornarem nossos colaboradores na educação da fé. O seu trabalho, feito em comunhão com a Igreja, será sempre em vão, sem o nosso empenho e colaboração!
3.Não faltaremos à Catequese. A Catequese não é um «ensino» avulso e desorganizado. É uma educação da fé, feita de modo ordenado e sistemático, de acordo com o programa definido pelos Catecismos. As faltas à Catequese quebram a sequência normal da descoberta e do caminho da fé. Velaremos pela assiduidade dos nossos filhos. E pelo seu acompanhamento, num estreito diálogo com o pároco e os catequistas.
4.Não esperamos da Catequese que faça bons alunos. Antes, pretendemos que ela nos ajude a formar discípulos de Jesus, que O seguem, em comunidade. Não desprezaremos a comunidade dos seus discípulos, a Igreja, nos seus projectos, obras e iniciativas.
5.Não queremos, apesar de tudo, que a Catequese seja o nosso primeiro compromisso cristão. Participar na Eucaristia Dominical é um bem de primeira necessidade. Saberemos organizar a agenda do fim-de-semana, pondo a Eucaristia, em primeiro lugar. Custe o que custar!
6.Não queremos que a Catequese substitua as aulas de Educação Moral e Religiosa Católica nem o contrário. Porque a Catequese, não é uma “aula”, em ambiente escolar, dirigida sobretudo à inteligência, e destinada a articular a relação entre a fé e a cultura. A Catequese é sobretudo um “encontro”, no ambiente da comunidade, que se dirige à conversão da pessoa inteira, à sua mente, ao seu coração, à sua vida. A disciplina de EMRC e a Catequese não se excluem mas implicam-se mutuamente.
7.Não estaremos preocupados por que os nossos filhos “saibam muitas coisas”. Mas alegrar-nos-emos sempre, ao verificarmos que eles saboreiam a alegria de serem cristãos, e vão descobrindo, com outros cristãos, a Pessoa e o Mistério de Jesus, o Amigo por excelência, o Homem Novo, o Deus vivo e o Senhor das suas vidas!
8.Não exigiremos dos nossos filhos, o que não somos capazes de dar. Por isso, procuraremos receber nós próprios formação e catequese, para estarmos mais esclarecidos e mais bem preparados. Procuraremos estar onde eles estão. Rezar e celebrar com eles, de modo a que a nossa fé seja vivida em comum na pequena Igreja que é a família e se exprima na grande família que é a Igreja.
9.Não exigiremos dos nossos filhos o que não somos capazes de fazer. Procuraremos pensar e viver de acordo com os valores do Evangelho. Sabemos bem que o testemunho é a primeira forma de evangelização. Deste modo, eles aceitarão melhor a proposta dos nossos ideais e valores.
10.Jamais cederemos à tentação de “mandar” os filhos à Catequese, para nos vermos livres deles ou para fugirmos às nossas responsabilidades.

Animação das Eucaristias de Sábado na Paróquia de Murça

Animação das Eucaristias dos grupos Catequese


Ano/Dias:
9ºAno - 28 de Fevereiro
8º Ano - 25 de Outubro
7º Ano - 15 de Novembro
6ºAno - 29 de Novembro
5º Ano - 6 de Dezembro
4º Ano - 20 de Dezembro
3º Ano - 17 de Janeiro
2º Ano - 7 de Fevereiro
1º Ano - 14 de Fevereiro

A catequese na Missão da Igreja




Tomar consciência do interesse e do lugar que ocupa a Catequese na vida da Igreja é muito importante. Pois, por um lado, facilita o diálogo entre os vários agentes. Não aconteça que perspectivas diferentes levem a que, com as mesmas palavras, entendamos realidades diversas. Isso seria factor de confusão e não nos permitiria avançar na reflexão e no trabalho em equipa. Por outro lado, só uma clarificação de conceitos permite que caminhemos na direcção certa ou nos aproximemos dessa mesma direcção.
Assim, a grande questão que hoje se nos coloca é: Qual o lugar da Catequese, como a actividade pastoral que envolve mais gente, na vida da Igreja?
Para lá chegarmos, comecemos pela realidade.

1.Qual o nosso conceito de catequese? (Trabalho de grupos ou “chuva de ideias”)
- O que pensam as pessoas, em geral, acerca da catequese?
- O que pensamos nós catequistas sobre a nossa actividade?

(No caso de trabalho de grupos, dar tempo para o plenário)

2. A catequese de Jesus:

Jesus é o grande catequista do Pai. É Ele que nos descobre esse “vulcão” de amor que é o coração de Deus por cada um de nós. Em sentido geral, Jesus é o maior e o único catequista.
Mas terá Jesus feito catequese, parecida com os nossos encontros de Catequese? Ou mais correctamente, a nossa catequese inspira-se no estilo de encontros de Jesus?
Consideremos algumas passagens:

- Zaqueu: Lc 19, 1-10;
- Samaritana: Jo 4, 1-42;
- Discípulos de Emaús: Lc 24, 13-35.

O que verificamos de comum nestes textos?

- Temos sempre uma situação de diálogo iniciado por Jesus;
- Jesus entra na realidade que cada um está a viver: a curiosidade de Zaqueu, a sede da samaritana ou o desânimo de Cléofas e do companheiro;
- Jesus anuncia uma mensagem que supera as expectativas dos seus interlocutores (salvação, água viva, esperança);
- Jesus verifica se a mensagem chega ao coração, se há um sim... transformando um desconhecido em discípulo;
- Essa mensagem provoca atitudes de conversão e compromisso;
- Esse compromisso leva o discípulo a ser testemunha (a ser um discípulo completo).
Temos ou não verdadeiras catequeses, autênticos encontros em que se inspira a nossa catequese?

3.O que pensa a Igreja acerca da Catequese?

E a Igreja que pensa oficialmente acerca da Catequese? Se dizemos que esta actividade faz parte da missão da Igreja, se nós, como catequistas, não estamos por nossa conta, mas em nome da comunidade, importa saber o que nos diz a Igreja hoje acerca da catequese.

- Documentos de referência obrigatória para a Catequese:

- Catechesi Tradendae, de João Paulo II, 1979

Trata-se de um documento assinado pelo Papa João Paulo II, mas que estava já a ser preparado (Documento de três Papas). Surge na sequência do Sino do dos Bispos sobre a Catequese. É o documento inspirador da reflexão sobre a Catequese nos finais do século XX e da renovação a que assistimos em Portugal nas últimas décadas.
Este documento, na sequência do Concílio Vaticano II, situa a catequese no âmbito da evangelização da Igreja e não como actividade separada.

- Catecismo da Igreja Católica, 1992

O CIC é um texto oficial do Magistério da Igreja. Reúne, de forma resumida e organizada, os acontecimentos e as verdades fundamentais da salvação que exprimem a fé comum do Povo de Deus. É a referência básica e indispensável para a catequese, nomeadamente no que se refere à mensagem, isto é, aos conteúdos. Por isso, evita as interpretações particulares, as hipóteses pessoais ou opiniões de alguma escola teológica (cf DGC 124). Dá-nos a fé comum do Povo de Deus com a interpretação autorizada do Magistério da Igreja (actuado por Papa e Bispos a ele unidos).
Os nosso Bispos consideram o Catecismo da Igreja Católica "como texto de referência, seguro e autêntico, para o ensino da doutrina católica e , de modo particular, para a elaboração dos catecismos locais" (FD 4; cf ATV 1). É por isso normal a ligação dos nossos catecismos ao Catecismo da Igreja Católica.

- Directório Geral da Catequese, 1997

O Directório Geral de Catequese (DGC) é "um subsídio oficial da Santa Sé para a transmissão da mensagem evangélica e para o conjunto do acto catequético" (DGC 120).
É neste momento o documento que mais clarifica o lugar da catequese na missão da Igreja. Podemos dizer que complementa o Catecismo (CIC), dando noções precisas sobre catequética e pedagogia, estabelece o enquadramento da catequese e procura responder às questões mais importantes que se colocam à actividade catequética de hoje.

- Para que acreditem e tenham vida – Orientações para a Catequese Actual, da Conferência Episcopal Portuguesa, 2005

Não sendo propriamente um Directório Nacional (que poderia existir), é o que mais se lhe assemelha. Confronta os princípios gerais da Catequese com a nossa realidade e a nossa experiência em Portugal.
Trata-se de um documento muito conseguido dos nossos bispos, em que a precisão dos conceitos convive com as preocupações pastorais. Sem resolver todos os problemas, estabelece parâmetros, define orientações. É uma injecção de esperança e de clareza sobre a nossa Catequese.
Este documento ainda não foi totalmente descoberto na sua profundidade e beleza. Bem podemos chamar-lhe o “livro de bolso” do Catequista.

4. O que devemos pensar acerca da Catequese? (A Continuar)

- A catequese na missão evangelizadora da igreja
- A catequese é elemento da iniciação cristã
- A catequese faz-nos construtores de uma comunidade missionária

(Esta é apenas a primeira parte do tema, pois falta uma espécie de definição do que é a Catequese, isto é, falta dizer o que a Igreja pensa de facto e o que devemos pensar nós a partir desse fio principal do pensamento da Igreja).